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Economia

Renda dos servidores públicos avançou 8% entre 2012 e 2021


Por: REDAÇÃO Portal

Enquanto isso, os trabalhadores com carteira assinada não tiveram ganho real algum, pois a variação da renda média foi de -0,1% no mesmo período

Enquanto isso, os trabalhadores com carteira assinada não tiveram ganho real algum, pois a variação da renda média foi de -0,1% no mesmo período

Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

22/11/2021
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Enquanto a inflação oficial ultrapassa 10% e corrói, cada vez mais, o poder de compra dos brasileiros, as diferenças entre as remunerações dos trabalhadores do setor privado e os rendimentos do funcionalismo público não param de crescer e devem aumentar ainda mais se houver um novo reajuste no ano que vem, conforme as promessas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que não cabem no Orçamento.

De acordo com levantamento feito pela economista Ana Tereza Pires, pesquisadora da consultoria IDados, os ganhos dos servidores públicos cresceram 8%, em termos reais (acima da inflação) entre o primeiro trimestre de 2012 e o segundo trimestre de 2021. Enquanto isso, os trabalhadores com carteira assinada não tiveram ganho real algum, pois a variação da renda média foi de -0,1% no mesmo período, segundo os cálculos da especialista. “Enquanto os trabalhadores do setor privado não tiveram nenhuma correção, em termos reais, na renda, os servidores tiveram um ganho expressivo acima da inflação média no período, de 69,4%”, explicou.

“O trabalhador do setor privado tem muito pouco poder de barganha enquanto os servidores têm reajustes quase que automáticos. E, se a conjuntura econômica continuar ruim como atualmente, com desemprego elevado, inflação alta e pouco crescimento na economia, a tendência é que esse desequilíbrio fique maior”, destacou a economista.

Vale lembrar que, conforme dados do Banco Mundial, o salário médio dos servidores é 96% acima da média dos rendimentos dos trabalhadores do setor privado. Esse indicador é de 2018, mas analistas reconhecem que o quadro atual tende a ser pior. Os dados levantados pela especialista do IDados mostram que, no mesmo período, o número de servidores nas três esferas de governo diminuiu 13% entre 2012 e 2019, mas os ganhos do setor público apresentaram aumento de 8%, entre os com carteira, e de 16%, entre os sem carteira. Conforme dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os reajustes concedidos em setembro ficaram 1,9% abaixo da previsão de inflação para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 10,4% em 12 meses.

Os dados do Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do Ministério da Economia, também mostram um quadro preocupante do ponto de vista das contas públicas, e que vão na contramão da fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que vem afirmando que o congelamento dos salários dos servidores por dois anos deve gerar uma economia de R$ 150 bilhões para os cofres públicos nas três esferas de governo. O painel mostra que o gasto mensal do governo federal com os servidores ativos e inativos cresceu quase 5% em relação ao período pré-pandemia, apesar da redução de 35 mil vagas entre 2019 e 2021. O painel mostra que o custo em outubro de 2019, com a folha de pouco mais de 1,2 milhão de pessoas, era de R$ 24,1 bilhões e passou para R$ 25,4 bilhões, no mesmo intervalo do ano passado, e para R$ 25,3 bilhões, em outubro deste ano. 

Especialistas lembram que um reajuste linear para o funcionalismo, além de injusto, deve aumentar as diferenças salariais entre os trabalhadores do setor público e do setor privado e, para piorar, também não corrige as discrepâncias entre as remunerações dos servidores, cujo teto de R$ 39,2 mil nem sempre é respeitado. Alguns privilegiados recebem supersalários ou até mesmo tem agora teto duplex -- recentemente instituído pelo Ministério da Economia, fazendo com que servidores civis e militares aposentados que continuam na ativa. “Aumentar linearmente os salários não ajuda a melhorar a qualidade do serviço público. É preciso arrumar ferramentas de remuneração que melhorem a produtividade do setor público”, defendeu Daniel Duque.

Por Correio Braziliense

 

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