Operação mira torcidas organizadas e cumpre mais de 40 mandados de prisão em Pernambuco

A Polícia Civil deflagrou, nesta quinta-feira (27), uma operação contra suspeitos de envolvimento em confrontos entre torcidas organizadas no Grande Recife. Foram expedidos 42 mandados de prisão, três de internação provisória para menores, 24 de busca e apreensão e três de sequestro de bens.

A operação, chamada Contra Pista, teve início em 1º de fevereiro, após um tumulto antes do clássico entre Sport e Santa Cruz no estádio do Arruda, que deixou 13 feridos. Na ocasião, 32 pessoas foram detidas.

Imagens registraram a chegada de alguns suspeitos ao Comando de Operações e Recursos Especiais (Core), no Recife. Os mandados estão sendo cumpridos em municípios da Região Metropolitana, como Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Igarassu, Olinda e Paulista, além de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul. Até a última atualização desta reportagem, não havia balanço oficial sobre os cumprimentos das ordens judiciais.

As determinações judiciais foram expedidas pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca do Recife e pela 3ª Vara da Infância e Juventude da Capital. Os investigados são suspeitos de envolvimento em associação criminosa e em crimes como:

• Provocação de tumulto;

• Lesão corporal;

• Tentativa de homicídio;

• Corrupção de menores.

A operação é conduzida pelo delegado Raul Junges, titular da Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE), e conta com a participação de 170 policiais civis.

O advogado Ivson Tavares, que representa 11 torcedores do Sport investigados, afirmou que as prisões são temporárias e que ainda não teve acesso aos autos. Ele negou o envolvimento dos clientes no tumulto de 1º de fevereiro.

"São uma cultura aqui no nosso estado as ditas 'caminhadas', em que eles vão para um ponto de concentração e se deslocam, todos juntos, em direção ao local da partida. Isso para todos os times grandes da capital. A informação que tenho até este momento é que eles estavam meramente nesse deslocamento", disse ao ge.

Lozymayer Renato, advogado de membros da torcida Explosão Inferno Coral, do Santa Cruz, afirmou que discorda das autuações e explicou que algumas prisões têm prazo de 30 dias e outras, 60.

"Hoje nossa função aqui é garantir a legalidade do ato [as prisões], garantir que esses que estão sendo conduzidos tenham o devido processo legal, a ampla defesa, o contraditório, e, inclusive, a questão de que são prisões temporárias [...]. A priori, a orientação da defesa é que eles utilizem o direito constitucional ao silêncio. Não é o momento, no entendimento da defesa, para se manifestar", afirmou ao ge.

Conflitos entre torcidas

No dia 1º de fevereiro, uma briga entre organizadas do Sport e do Santa Cruz deixou 13 feridos e causou destruição em várias ruas do Recife. O confronto ocorreu antes do clássico no estádio do Arruda. Imagens mostraram agressões, correria, uso de bombas e depredação. Torcedores carregavam pedras e pedaços de madeira.

Na ocasião, 32 pessoas foram levadas à delegacia, e 13 tiveram a prisão preventiva decretada. Entre eles, o presidente da organizada do Sport, que ficou ferido e permaneceu sob custódia no Hospital da Restauração, no Recife.

Outro suspeito preso já havia sido apontado como participante do ataque ao ônibus do Fortaleza, em fevereiro do ano passado, que deixou seis jogadores feridos.

Em 8 de março, 12 integrantes de uma organizada do Sport foram detidos com bombas caseiras antes de outro clássico. Dias depois, em uma partida com torcida única, um torcedor do Santa Cruz foi agredido dentro do estádio do Arruda após ser confundido com um infiltrado.