Lula recebe a presidência do G20 e estabelece prioridades para o Brasil
Com um discurso de combate à fome, à pobreza e à desigualdade, além de foco na transição energética sustentável.
Foto: AFP
Neste domingo (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, o martelo de madeira que simboliza a presidência temporária do G20. Isso ocorreu durante o encerramento da 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do grupo, que abrange 19 das maiores economias do mundo, realizada em Nova Délhi, na Índia.
Em seu discurso de encerramento, Lula enfatizou que questões geopolíticas não podem dominar a agenda de desenvolvimento do grupo. Ele mencionou que não deseja ver um G20 dividido e enfatizou a importância da ação conjunta para enfrentar os desafios atuais, destacando a necessidade de paz e cooperação em vez de conflitos.
Lula também fez uma declaração polêmica relacionada ao líder russo Vladimir Putin, afirmando que Putin não seria preso se visitasse o Brasil. Vladimir Putin é alvo de mandados de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra, e sua ausência na cúpula foi devido ao risco de prisão caso deixasse seu país, uma vez que o Brasil é signatário do acordo que criou o tribunal.
Sob a liderança do Brasil, o lema do G20 será "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável". O país assumirá oficialmente a presidência em 1º de dezembro. Lula destacou a importância de cuidar do meio ambiente, referindo-se ao ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul e às tragédias naturais recentes.
O presidente delineou três prioridades para sua presidência no G20: combater a fome, a pobreza e a desigualdade; promover a transição energética; e desenvolver a sustentabilidade nas dimensões econômica, social e ambiental. Além disso, ele anunciou a criação de duas forças-tarefa: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.
Lula pediu mais recursos e transferência de tecnologia para combater as mudanças climáticas e enfatizou a necessidade de maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele também mencionou a insustentável dívida externa de países mais pobres como uma questão a ser abordada.
O presidente afirmou que pretende integrar políticas e finanças de forma mais eficaz e ouvir mais a sociedade, destacando a importância de alocar recursos para a implementação de políticas públicas.
Embora a abordagem de Lula tenha sido considerada moderada, alguns analistas apontam a falta de profundidade em sua estratégia de política externa. Afirmam que a postura de equidistância em questões cruciais pode prejudicar a eficácia da liderança do Brasil no G20.
Lula também teve encontros bilaterais com líderes como o presidente francês Emmanuel Macron e o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. O acordo entre o Mercosul e a União Europeia foi discutido, com ênfase em pendências como compras governamentais.
Além disso, o Brasil e a França planejam uma parceria cultural em 2025, semelhante aos eventos culturais anteriores realizados entre os dois países. Lula convidou Macron para uma visita oficial ao Brasil, planejada para o primeiro semestre de 2024.
Outros assuntos discutidos incluíram investimentos na área de petróleo e gás, fontes verdes e a adesão da Arábia Saudita ao grupo BRICS. O encontro entre Lula e Mohammed bin Salman marcou sua primeira reunião, que havia sido cancelada anteriormente.
Esta cúpula do G20 destacou a crescente importância do Brasil na arena internacional e levantou questões sobre a eficácia da política externa brasileira sob a liderança de Lula.
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